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Solo Exhibition

Foto do escritor: Lica CecatoLica Cecato

Martha Pagy Escritório de Arte LICA CECATO


Dreaming of a borderless world /
Sonho um mundo sem fronteiras
 

Lica Cecato: Sonho um mundo sem fronteiras   

 

Lica nos convida a participar de um mundo sem fronteiras, na frase que dá o título à mostra; e que é parte da letra de uma das suas composições musicais, com Stefano Scutari, Como Num Cinema (2021).  Poderíamos então dizer que o território da arte é sem fronteiras? Acredito que para Lica Cecato, sim. Sua produção circula livremente por várias linguagens artísticas: ela escreve, toca, canta, desenha, fotografa, e cria sua arte em pequenas assemblagens; feitas em caixas de embalagens japonesas recicladas, as Dreamboxes. E agora, expandiu seu universo onírico das caixas, que perdem as bordas, para o espaço das telas. Mas ela mantém, nestas, os elementos do dia a dia, os pequenos bonecos de plástico, modelos arquitetônicos para maquetes, uma ação herdada da pop arte. 

 

Nas dez telas hoje expostas na Martha Pagy Escritório de Arte, além das tintas acrílica e aquarela, ela adiciona alguns pigmentos de pedras, naturais do Japão, China e Índia, fazendo uso de técnicas ancestrais e milenares. Como Lica explica “o pó de pedra não tinge, ele aglutina” e assim mantém sua tonalidade vibrante inalterada através dos tempos, como na arte asiática que usa esses pigmentos de pedra desde a antiguidade. O que vemos nestas obras únicas e inéditas, são cores fortes em formas básicas, uma superfície pictórica que revela seus toques e gestos nas pinceladas aparentes; uma forte carga expressiva concentrada em poucos elementos, como em um ideograma oriental. As obras, em sua maioria, gravitam em torno de um centro; como em um baricentro, que representa na geometria o centro gravitacional da superfície em uma figura plana. Para Lica, esse centro foca nossa atenção e intenções, tudo em um único ideograma; “a terra onde vivemos, o centro da nossa galáxia, o coração do ser humano, a ponte no fim da estrada e a última escada antes do fim do mundo. O barco de Noé. A cabeça e o cérebro.” E, finalmente, o sonho de onde nasce sua arte. Ela demarca seu lugar, “as novas pinturas e fotografias são lugares para sonhar.”  

 

Na mostra a artista expõe também seis belas fotografias impressas em telas retrabalhadas; são padrões abstratos de formas orgânicas e fluidas e de cores que contrastam a luz refratada e refletida nas superfícies das águas dos canais e lagos de Veneza; os reflexos azuis do céu contra as cores da arquitetura em tijolo ou pedra dos edifícios que um dia submergirão nas águas. 

 

Na sua arte, Lica expressa uma esperança poética, a busca de um centro de equilíbrio, um ponto de convergência do homem e do cosmos, das culturas orientais e ocidentais, e dos hemisférios norte e do sul. É uma afirmação poderosa e inspiradora, da possibilidade da arte de sustentar o sonho de salvar o planeta do desastre climático e ecológico e de vivermos em um mundo sem guerras, livre de fronteiras e de territórios demarcados. 

 

Paula Terra-Neale (arte historiadora e curadora independente)  

 
 
 

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